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  • Foto do escritorDra. Ana

OBESIDADE E OS TRANSTORNOS MENTAIS NA ADOLESCENCIA

A obesidade é considerada uma doença crônica e de base biológica. Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Edição), a obesidade não é considerada um transtorno mental. Mas, é reconhecida como uma doença provocada por uma disfunção do sistema metabólico onde ocorre a regulação da gordura corporal.


A obesidade é resultante de um desequilíbrio entre uma ingesta energética excessiva e prolongada e um gasto energético. Fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientes são responsáveis pelo desenvolvimento deste desequilíbrio e pela disfunção do sistema metabólico.


Há uma forte associação entre obesidade na adolescência e alguns transtornos mentais como Transtorno de Compulsão Alimentar, Transtornos Depressivos, Esquizofrenia e Transtorno Ansiosos.


De acordo com os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) de 2020, o excesso de peso acomete mais de 60% da população brasileira. Os dados publicados da obesidade na infância e adolescência são muito preocupantes. São 6 milhões de crianças menores de 10 anos e 11 milhões de adolescentes com excesso de peso.


É comum os artigos médicos descreverem sobre a associação da adolescência à alimentos industrializados e aos “fast food”. Não discordo. Mas é importante lembrar que os bons hábitos alimentares não se iniciam na adolescência. O fator ambiental ligado aos hábitos familiares de alimentação é fundamental na prevenção da obesidade na infância e na adolescência. E quando a família ensina o caminho do alimento “limpo” e natural desde o nascimento, é muito mais difícil o adolescente se deixar influenciar por mídias, amigos, mundos virtuais e irreais.


Além da necessidade de mudanças de hábitos da família, alguns outros fatores tornam o manejo da obesidade na infância e na adolescência mais difícil do que na vida adulta. A imaturidade e o pouco entendimento deles quantos aos danos da obesidade, a falta de livre acesso a programas de orientação e prevenção de obesidade e o pior dos fatores: a discriminação, o estigma, a culpa e o bullying, como verdadeiros obstáculos neste desafio.


O adolescente tem uma grande preocupação com sua aparência física e de ser atraente. Quando a autoestima é prejudicada pelo excesso de peso, pode ser um fator contribuinte para o desenvolvimento de alguns transtornos mentais com prejuízos na vida acadêmica, pessoal, familiar e principalmente, a social.


Muitos medicamentos têm sido desenvolvidos no combate a obesidade, mas nem todos poderão ser usados nas crianças e nos adolescentes. As iniciativas de prevenção da obesidade são ainda eficazes, principalmente, se iniciadas e mantidas durante a infância e adolescências. Significa diminuir de uma forma real e menos onerosa a incidência de doenças crônicas e de possíveis transtornos mentais.


É necessário a ampliação de programas existentes nos serviços de saúde, orientação às famílias e a participação da escola, ensinando desde o início dos anos escolares a importância dos alimentos no nosso desenvolvimento e na prevenção do bullying. Trabalhar a compreensão, em todos os segmentos da sociedade, de que a obesidade é além de um padrão estético e um desejo cultural pela magreza.

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